
Criando um serviço digital de bem-estar psicológico em Londres

Quase 1/3 dos londrinos relatam baixos níveis de felicidade.
Metade descreve-se como ansiosos, mas poucos procuram ou recebem ajuda para a sua condição.
Tudo isto tem um impacto negativo na qualidade de vida e na produtividade econômica da cidade.
Esse foi o pano de fundo que nos levou a desenvolver um novo serviço digital com o foco em proporcionar uma melhoria de bem-estar mental a todos os Londrinos.
A escolha por um serviço online foi feita para ampliar o alcance do serviço, permitindo que até as pessoas mais difíceis de alcançar pudessem ter acesso.

Desafio
Projetar um serviço para fornecer ajuda psicológica imediata e inclusiva em grande escala. |
A missão da Public Health England (PHE) é proteger e melhorar a saúde e o bem-estar do país e reduzir as desigualdades na saúde. Eles fazem isso fornecendo aconselhamento, defesa e apoio ao governo, à NHS, à indústria e ao público – através do comissionamento e prestação de serviços. Foi assim que eles chegaram até nós. Com a intenção de criar uma maneira de permitir que todas as pessoas tenham acesso à ajuda sempre que precisassem.
Os serviços de saúde mental da NHS têm um tempo de espera de cerca de 18 semanas, e muitas vezes as pessoas necessitam de apoio imediato. Além disso, a busca por atendimento clínico ainda é permeada por estigmas sociais e falta de sensibilização, fazendo com que grande parte das pessoas não busquem essa ajuda. Sendo assim, precisávamos desenvolver um serviço que fosse inclusivo – chegasse a todos os londrinos – e também seguro e acolhedor, para que as pessoas se sentissem confortáveis para utilizá-lo.
Mais de 15% dos adultos de Londres têm probabilidade de ter uma dificuldade mental comum. Destes, apenas 24% provavelmente receberão ajuda clínica para a sua condição.
A PHE destacou evidências de que o acesso à informação, aos serviços e aos espaços online seguros poderiam ajudar e, por isso, entenderam que o atendimento poderia ser entregue através de um único site centralizado.
O nosso desafio era: como fornecer serviços de bem-estar psicológico em grande escala?
Abordagem
Pesquisar e ouvir as pessoas para descobrir o que elas precisam. |
Complementamos a pesquisa existente com a nossa própria pesquisa de usuários. Conversamos diretamente com diferentes pessoas em suas casas, entendendo como elas lidam com suas questões psicológicas – ou não – e as suas realidades e necessidades diárias.
Conhecemos pessoas como a Christina, que sofria de ansiedade depois de ser assaltada em casa. Ela foi capaz de articular seus problemas e buscou ativamente apoio de maneira online. Ela nos ajudou a representar uma tipologia de pessoas: as que buscam ajuda proativamente.
Também conhecemos pessoas como Martin, que é divorciado e ganha a vida trabalhando em túneis. Ele simplesmente aceitou a ansiedade e a insônia como seu destino na vida, sem associá-las às suas circunstâncias. Alguém como Martin dificilmente buscaria ajuda sobre bem-estar psicológico em um site governamental de saúde.
Aprendemos, então, que o verdadeiro desafio era: como chegar às pessoas que não têm conhecimento e relutam em pedir ajuda?
Foco de pesquisa
Quem são e onde estão os londrinos? |
A nossa pesquisa qualitativa nos levou à conclusão de que, para chegarmos a todos os que necessitam de apoio, incluindo aqueles que estão relutantes ou em negação, precisaríamos ir ao encontro deles.
Os clientes desse serviço dificilmente acessam um site em busca de ajuda, mas eles ainda estão online de alguma maneira. Sendo utilizando as redes sociais, ou navegando de forma ampla, conseguir fazer com que o serviço aparecesse de forma espontânea durante esta tarefa cotidiana poderia estimular que eles acessassem ajuda.
Pensando assim, a PHE fez um vídeo para explicar o serviço aos seus públicos de interesse e utilizou a história de Martin para ilustrar como o serviço chega aos londrinos que talvez não procuram ativamente por ajuda.

Pilotagem do serviço
Testar e implementar. |
Para testar nossa hipótese, conduzimos um pequeno estudo experimental, colocando anúncios de ajuda para insônia em sites com muitos acessos (de diferentes assuntos).
Mais de 3.500 pessoas clicaram no anúncio, indicando que as redes sociais são um canal eficaz para alcançar essas pessoas que enfrentam esses desafios. Este foi o primeiro passo para ampliar o serviço e conectar os londrinos com as informações que poderiam ajudá-los a enfrentar a situação.
Resultado
Um serviço de saúde pública online e inclusivo que gerou novas iniciativas |
Depois de vários testes, a PHE lançou o serviço com anúncios nas redes sociais e outros fóruns levando ao conteúdo do site Good Thinking. Essa iniciativa gerou 180 mil usuários desde o lançamento e 60% deles relataram uma redução no estresse após o uso.
Mas, na verdade, o impacto do nosso trabalho foi de maior alcance.
A força do nosso trabalho fez com que os stakeholders deste projeto começassem a utilizar o Design de Serviço como abordagem para fazer concepção e pesquisas em saúde pública, numa gama crescente de áreas de enfoque que gerem valor para a PHE.
7,5 milhões de libras são gastos todos os anos em cuidados de saúde e assistência social em tratamento, benefícios, educação e justiça criminal. Outros 10,4 milhões de libras são perdidos todos os anos para as empresas e a sociedade de Londres.
Quando combinamos a experiência e a qualidade de dados da PHE com a nossa abordagem de Design Serviço, que coloca o foco na experiência do usuário (cliente), o resultado é um serviço que atinge grupos demográficos que escaparam às campanhas tradicionais de saúde pública, e pensando a partir das necessidades de camadas mais vulneráveis da sociedade. Derrubando, assim, as barreiras de uso e estimulando que mais pessoas consigam ter acesso à saúde mental .
“A Livework tem sido parceira valiosa da PHE, ajudando-nos a desenvolver a nossa estratégia digital através do design de serviços. Nos trouxe alta qualidade de execução para a gama de atividades de design de serviço, desde a pesquisa de insights do usuário até a prototipagem de novos serviços. A Livework também interage bem com o sistema de saúde e com os profissionais de saúde para garantir que os projetos sejam impactantes e eficazes.”
– Diarmaid Creen, Diretora Adjunta de Digital, PHE
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