De forma geral, os colaboradores de uma companhia trabalham duro para que ela seja a melhor versão de si mesma hoje. Com metas claras e atribuições bem definidas, os departamentos atuam em sintonia (ou pelo menos deveriam) para conquistar elevados níveis de satisfação de seus clientes, tornar a operação mais eficiente e garantir melhores e maiores margens, fechando um ciclo que faz da organização um verdadeiro sucesso. Todavia, diante dessa realidade e de um cenário no qual as mudanças são cada vez mais velozes surge o questionamento: quem são os responsáveis por pensar na melhor versão da empresa de amanhã e o que precisa ser feito em relação a isso?
As células de inovação podem ser uma boa resposta. Afinal, trata-se de um formato segundo o qual uma equipe externa multidisciplinar atua pensando o futuro da companhia. Essa estrutura, aqui na Livework, é orientada por temas que mostram potencial para moldar uma versão do porvir que esteja conectada às demandas que ainda surgirão. São eles:
Centralidade no cliente: com a facilidade de acesso a informações, a relação cliente x prestador tem se transformado, de fato, em uma via de mão dupla. Ao ganhar poder, o cliente assume protagonismo. Por isso, estar atento a suas demandas, traduzi-las de forma rápida e dar voz ao cliente, conseguindo entender seus contextos, necessidades, dificuldades e expectativas são atribuições centrais de uma célula de inovação.
Aceleração digital: grande parte dos desafios das organizações passa por responder às mudanças e adotar novas tecnologias. O digital, nesse contexto, emerge como destaque. Entender como uma transformação tão profunda deve acontecer, respeitando o passado, mexendo nas estruturas e estando presente na vida dos clientes de maneiras que eles ainda nem imaginam são desafios que, dada sua complexidade, exigem foco e especialização. A célula de inovação pode ser uma aliada poderosa.
Inovação: tem o objetivo de encontrar novas propostas de valor ou redefinir estratégias para as organizações, buscando, essencialmente, versões que tornem a marca atual obsoleta. Nesse tipo de trabalho, não se busca simplesmente apontar melhorias pontuais no serviço, incorporar novos canais ou evangelizar a empresa sobre a importância de focar no cliente, mas também desenvolver ativamente novos modelos de negócio.
Futuros sustentáveis: propor soluções que ignoram seus impactos sociais e ambientais tem sido uma alternativa cada vez menos viável. Estar atento não apenas às pessoas envolvidas em um produto/serviço, mas também ao ecossistema onde esses atores estão inseridos é tarefa de primeira grandeza. Diante dessa realidade irrefreável, uma célula de inovação se propõe a pensar e a proporcionar soluções regenerativas para o planeta.
A importância do olhar do outro
Recomenda-se que uma célula de inovação seja composta por profissionais que não pertençam à estrutura da organização. Algumas razões embasam tal recomendação:
Independência: não ter vínculo direto com a empresa permite à equipe externa manter uma distância segura para que possa exercer seus papéis com liberdade e autonomia: provocar, questionar e apontar novos caminhos, sem necessariamente se preocupar em como isso pode afetar sua permanência e seu crescimento na organização. Os argumentos e ideias valem mais do que a relação que, claro, deve ser cuidadosa sempre.
Oxigenação: profissionais externos atuando dentro da empresa mantêm o frescor necessário para olhar para as questões de forma mais neutra, sem interferências provenientes da cultura estabelecida ou de repertórios cognitivos “viciados”. Isso acontece pelo dinamismo de consultorias, que costumam trabalhar com organizações em vários estágios de maturidade (com Design e Inovação) e de diversos segmentos, o que permite uma polinização constante de ideias.
Especialização: os profissionais de uma célula de inovação são escolhidos especialmente para essas funções, levando em consideração os desafios atuais e futuros da empresa, a área de conhecimento e o equilíbrio de perfis comportamentais e técnicos dos integrantes da equipe para chegar aos objetivos traçados. De acordo com o nível de maturidade da organização e do teor e complexidade do desafio, os profissionais mais adequados podem ser ativados, garantindo eficácia e eficiência.
Flexibilidade: uma equipe externa viabiliza uma característica importante de uma célula de inovação — a possibilidade de alterar sua composição segundo as necessidades do momento, tornando-a mais modular, versátil e escalável. É possível, por exemplo, que para uma empresa faça sentido contar com a contribuição de um especialista em design comportamental por alguns meses, enquanto trabalha em um processo anti-fraude, mas não contratá-lo no longo prazo.
Mas as células são para todas as organizações?
A resposta, curta e grossa, é “sim”. Um dos grandes atributos das células de inovação é justamente sua capacidade de adaptação de acordo com os cenários e as necessidades. Assim, para uma empresa com baixo grau de maturidade no que diz respeito à inovação, a célula pode apresentar o valor do Design e sua incidência primordial em processos inovadores. Para companhias que estão engatinhando nessa trajetória, o objetivo inicial da célula é auxiliar na entrega de bons projetos e contribuir para a construção de uma estrutura robusta.
As organizações onde Design e Inovação existem há algum tempo e estão ganhando tração podem se beneficiar da chancela e do conhecimento da célula em projetos e iniciativas mais estratégicas. E, por fim, as empresas que já apresentam elevado grau de maturidade podem ter no time externo uma referência e um apoio especializado para alçar voos ainda mais altos.
Permitir que haja especialistas externos girando em outra frequência do restante da corporação é uma forma de investir no futuro do negócio a partir de olhares mais críticos em relação ao que acontece hoje na companhia. Com essa missão — e se apoiando no Design para cada vez mais dar voz aos usuários dos produtos e/ou serviços, acelerar as mudanças necessárias para responder às novas demandas e fazer tudo isso impactando positivamente o planeta –, as células de inovação têm se tornado referência nas empresas que as adotam e participado ativamente de decisões estratégicas das mais diferentes áreas das organizações.
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