Criar uma cultura de inovação para se alcançar a diferenciação com relevância tem, em última análise, a meta de manter uma empresa firme e saudável no mercado. Inovar, no entanto, não é simples. Pensar soluções que sejam desejáveis para o cliente, viáveis para o negócio e sustentáveis para a sociedade passa pela necessidade de tomar riscos. E é aí que as coisas complicam, sobretudo em um contexto no qual o erro é visto como vilão e algo nocivo para qualquer empreitada.
Obviamente, a ideia não é defender o erro pelo erro, mas entendê-lo como parte natural de um processo e fonte de aprendizado em um cenário de aprimoramentos constantes, como é o da inovação. Chegar a esse ponto de maturidade, contudo, exige método, muito esforço, bastante dedicação e uma boa dose de ousadia. Assim como a inovação não é uma epifania, a construção de uma cultura que a privilegie também não nasce do dia para a noite. É necessário processo.
Alguns segmentos caminham a passos largos nessa direção. As soluções de inovação do setor financeiro – impulsionado pelas fintechs – ganhou celeridade quando identificaram-se lacunas muito evidentes nos serviços prestados por atores tidos como pouco empáticos com seus clientes, burocráticos e construtores de um relacionamento de mão única no qual as empresas faziam o que queriam e aos clientes restava aceitar, resignados, a situação que lhes era imposta.
A partir daí, a inovação encontrou um terreno fértil para fincar suas raízes, com soluções incrementais ou disruptivas, cujos resultados positivos contribuíram para o fortalecimento da cultura de inovação. A Elo, por exemplo, deu seus primeiros passos por meio das trilhas de inovação. O modelo, utilizando o Design, combina a resolução de problemas reais da companhia, por meio de projetos, com o desenvolvimento de competências que visam preparar a empresa (e seus colaboradores) para pensar e agir seguindo os preceitos da inovação.
Na Elo, os colaboradores sugerem projetos, que, se aprovados por um Comitê de Inovação, seguem a trilha, passando por ciclos de Design Sprints, ao longo dos quais os profissionais da empresa conduzem pesquisas, mergulham no problema e no contexto com objetivos de estruturar melhor a solução, prototipá-la para, enfim, testá-la. Clique aqui para saber mais sobre trilhas de inovação.
A Unimed Seguros, por sua vez, criou, com suporte da Livework, a Stormia, célula de inovação composta por uma equipe híbrida de colaboradores internos e designers de serviço da Livework, cujos objetivos principais são ensinar para a organização conceitos relacionados ao universo da Inovação e criar uma estrutura para que soluções inovadoras aconteçam na prática. Para ler sobre o papel das células de inovação clique aqui.
Os riscos. Sempre eles
Segmentos mais aversos aos riscos – seja por sua característica de muita especialização, seja pela regulamentação rígida ou, ainda, pelo grau de impacto que suas iniciativas causam na sociedade – naturalmente sofrem maior resistência para inovar.
O setor farmacêutico é um exemplo. O segmento, que, dada a própria natureza dos negócios que o integram, já encontrou muita dificuldade para derrubar barreiras, hoje apresenta casos cada vez mais frequentes de soluções inovadoras.
Na Roche, o programa “Inovamentes” foi concebido em parceria com a Livework com objetivo de fazer com que a inovação acontecesse na prática. Para que essa meta se concretizasse, todavia, era preciso que os colaboradores se engajassem e percebessem valor naquilo que estava sendo proposto.
O foco da iniciativa, portanto, foi justamente capacitar os profissionais em áreas de conhecimento como Inovação e Design para que eles se tornassem defensores de um movimento que, de 2017 (quando teve início) para cá, só cresce.
Derrubando muros
Não importa se a empresa é pouco inovadora em um setor mais desenvolvido nesse assunto ou se se encontra imersa em um segmento mais engessado, criar estratégias para enfrentar as resistências que certamente surgirão é mais do que necessário. Provar concretamente o valor de iniciativas inovadoras, com resultados consistentes, é uma maneira eficiente de dar adubo para a cultura de inovação florescer.
Foi o que aconteceu em um projeto da Livework para uma organização financeira mundial, na qual a estratégia utilizada foi construir essa cultura aos poucos, em conjunto, navegando pelos diferentes stakeholders da organização. Na prática, isso significou começar por um projeto específico, criando uma brecha que possibilitou alimentar o restante da entidade dos benefícios do que vinha sendo feito.
Percepção clara do entorno
Mas, atenção: nesse processo, todo cuidado é pouco. Se a diferença entre o remédio e o veneno é a dosagem, então é fundamental que as companhias tenham clareza do tamanho dos passos que se podem dar naquele momento. Começar é importante, mas sempre respeitando o ritmo que as pessoas envolvidas são capazes de absorver, uma tarefa que, se não priorizada, pode afugentar possíveis aliados ou retardar todo o processo.
Uma maneira eficiente de fazer essa análise é entender quem poderiam ser os “embaixadores da inovação” da empresa – profissionais com características e habilidades necessárias para serem os defensores do tema em determinado universo organizacional. Para saber mais sobre o que fazem e como estabelecê-los em uma organização, clique aqui.
Quando a resistência vem de dentro
Há casos, ainda, em que a inovação trava por falta de homogeneidade de pensamento. Nesse contexto as áreas que têm como premissa a inovação, enaltecendo a colaboração entre os seus profissionais, o entendimento do problema em profundidade, a centralidade do cliente e a proposição de soluções desejáveis, viáveis e sustentáveis, devem mapear quais departamentos podem ser ofensores de todo esse processo com intuito de abraçar suas dificuldades e mostrar a eles os ganhos já conquistados.
Para essa empreitada, apresentar métodos e exemplos concretos com resultados comprovados é a forma mais eficaz não apenas de convencer, mas também de fazer com que a cultura de inovação ganhe espaço em territórios até então desconhecidos. A Livework já apoiou inúmeras companhias a derrubarem esses silos, por meio de treinamentos e workshops concebidos especialmente para áreas que, muito técnicas, geralmente encontram dificuldades para dar esse passo, como Controladoria e Compliance, por exemplo.
A inovação exige uma mudança cultural. Sem ela, métodos, ferramentas e boa vontade não sustentam essa transformação. Se o segmento de atuação é resistente ou se as barreiras se erguem internamente, não importa: começar é preciso, mesmo que de forma tímida. Só assim essa construção ganha alicerces sólidos que sustentem uma jornada tão complexa quanto fundamental para a sustentabilidade dos negócios.