No final de 2022, fizemos a primeira edição do DiSLa (1º Encontro de Design de Serviço da América Latina), onde tivemos a oportunidade de trazer a visão de clientes, especialistas e sócios da livework sobre 4 oportunidades: centralidade nas pessoas, aceleração digital, futuros sustentáveis e inovação.
Olhar para esses 4 pontos pode ajudar organizações a criarem serviços que sejam realmente relevantes para as pessoas, que permitam o fortalecimento e a transformação dos negócios e que ajudem a gerar um impacto positivo no planeta.
Futuros sustentáveis: como o Design pode projetar agora o amanhã que precisamos
Pensar em futuros sustentáveis passa obrigatoriamente por analisar o “hoje”. Afinal, as informações alarmantes a respeito do meio ambiente são provas inequívocas de que precisamos pensar e fazer diferente. Não basta ajustar algo aqui ou acolá e acreditar que isso vai mudar substancialmente o jogo.
A mudança é estrutural e exige uma reflexão honesta de todos nós, enquanto sociedade, sobre o que é prosperidade: uma forma de viver extrativista e exploratória, cuja base é o acúmulo, ou existir de maneira mais responsável, considerando os usos de água, energia, e demais recursos?
A abordagem do Design tem em si alguns preceitos que a colocam como potência para pensar essesfuturos sustentáveis. Mas, como toda área de conhecimento, ela precisa de uma auto análise constante para mapear como suas potencialidades podem ser aprimoradas, com intuito de gerar ainda mais impacto.
“Esses são os tipos de desafios dos quais não conseguimos escapar. O que precisamos fazer é projetar caminhos para sair deles.”
“Esses são os tipos de desafios dos quais não conseguimos escapar. O que precisamos fazer é projetar caminhos para sair deles.”
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Mary Neumeier – The Designful Compan
5 princípios do design para projetar futuros sustentáveis
Princípios de design são diretrizes que servem como guias para o desenvolvimento de projetos. Ao longo dos nossos muitos anos trabalhando com e design, definimos os ingredientes que fazem parte da essência de nossa abordagem: Centrado nas pessoas, Colaboração & Cocriação, Reinterpretar & Vislumbrar, Experimentação & Protótipos e Estrutura & Contexto.
Essas diretrizes estão em constante evolução e percebemos nos últimos anos a necessidade de acrescentar um significado que considere os desafios atuais associados à sustentabilidade.
Mais que centrado nas pessoas
O Design busca entender a experiência humana e suas necessidades como forma de garantir que elas entrem no processo e, com isso, resultem em soluções mais desejáveis e utilizáveis. Esse é um atributo tão inegociável que essa é a terceira vez que estamos trazendo esse ponto. Só que agora queremos ir mais fundo nessa reflexão, precisamos parar de excluir não-humanos dessa equação e incluir outros seres vivos e sistemas naturais ou materiais. Somente com essa conjunção de fatores (humano e não-humanos) é que podemos construir futuros que sejam realmente sustentáveis.
Extrapolar a cocriação e a colaboração
O Design se orgulha – com toda a razão – de trabalhar de forma colaborativa e, com isso, derrubar barreiras corporativas em busca de decisões mais embasadas e democráticas. Essa característica fundamental do Design ganha ainda mais potência quando ações colaborativas extrapolam os muros das organizações e alcançam concorrentes, clientes e fornecedores. Assim, todos esses atores, juntos, articulam soluções que resolvem não apenas seus problemas individuais, mas aqueles que impactam positivamente o cenário global em que todos estão envolvidos.
Reinterpretar e vislumbrar para prosperar
Um método utilizado é focar no problema. Entendê-lo. Esmiuçá-lo. E o revirar para, então, solucioná-lo a partir de questionamentos menos óbvios que o encaminhem para lugares igualmente improváveis.
São justamente esses poderes de fazer as perguntas menos óbvias, captar o não-dito, observar o não-declarado que podem fazer com que o Design contribua ainda mais para repensar, de forma estrutural, na forma de viver. Esse intuito de chegar a respostas que não apenas remediem o que é feito hoje, mas trabalhem, a partir da criatividade e da inovação, para que transformações profundas assegurem uma vida mais sustentável.
“Ser próspero significa viver bem. Não necessariamente possuir mais ou consumir mais.”
“Ser próspero significa viver bem. Não necessariamente possuir mais ou consumir mais.”
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Ben Reason – Livework Londres
Experimentação e aprendizagem sempre em progresso
A experimentação e aprendizagem também já fazem parte do processo de design, mas devem ser intensificadas e acontecer de forma constante. Com grandes mudanças climáticas e outras questões ecológicas, veremos mais volatilidade e mais imprevisibilidade no mundo à medida que as coisas acontecem.
Os acontecimentos dos últimos anos com a pandemia e a guerra na Europa mostraram, por exemplo, que serviços de ajuda mútua a fim de apoiar pessoas mais vulneráveis com alimentos e itens de higiene serão cada vez mais necessários. Estamos reagindo a essas mudanças repentinas e inventando novas maneiras de nos apoiarmos. Nesse sentido, o papel do design é ajudar as pessoas e organizações a serem capazes de responder e pensar por conta própria.
Um olhar ecológico, sistêmico e conceitual
A soma dos quatro atributos anteriores permite que a abordagem revele uma quinta característica essencial: um olhar ecológico, sistêmico e conceitual
Uma área de conhecimento que coloca tudo em perspectiva, mapeia atores direta e indiretamente relacionados a determinado fenômeno, mergulha nos problemas até esgotá-los, contempla diferentes pontos de vista e, com isso, desenvolve uma perspectiva contextual a seus objetos de estudo será ainda mais útil e eficiente quando usar toda sua potencialidade para captar a complexidade de um mundo imerso em mudanças cada vez mais velozes e que urge por respostas que atendam a todo esse dinamismo.
“Um futuro sustentável é muitas vezes visto como um desafio técnico ou econômico, porém é, antes de tudo, um desafio humano.” Ben Reason – Livework Londres
Esperamos que o design seja uma ferramenta importante para enfrentar esses desafios e se adaptar. O design também vai precisar mudar e evoluir para ser mais do que apenas centrado no ser humano, ser extremamente colaborativo e seguir para os próximos níveis.
“Como podemos convidar sistematicamente a lente da sustentabilidade para nossas estruturas e ferramentas – para nos permitir pesquisar e projetar além da (atual) conveniência humana?” Ben Reason – Livework Londres
Não sabemos a dimensão e quais desafios relacionados à sustentabilidade estamos enfrentando e enfrentaremos. Também não acreditamos em uma única resposta certa para a pergunta anterior. Mas sabemos que estamos diante de desafios inescapáveis, que precisamos projetar para ter um futuro mais sustentável e que o caminho é o design.
Acesse o link com as falas completas sobre cada um dos temas:
Futuros Sustentáveis – Ben Reason
Centralidade nas Pessoas – Marzia Aricò
Aceleração Digital – Cassia Cunha
Inovação – Luis Alt