Design Thinking ressignificando a educação fiscal
Em parceria com a Escola Fazendária do Estado de São Paulo (FAZESP), capacitamos servidores públicos de todo o país a pensar em novas estratégias para abordar os desafios do trabalho com Educação Fiscal, um projeto que envolveu entender as práticas de educadores fiscais em diferentes Estados da federação e elaborar, a partir disso e por meio do Design Thinking, um conteúdo teórico-prático facilitado em atividades durante a Reunião Nacional de Educação Fiscal, que aconteceu em São Paulo em Agosto de 2017.
Design Thinking e a Educação Fiscal no Brasil
Novas formas de lidar com problemas complexos
|
O cenário da prestação de serviços públicos exige atenção cuidadosa de seus gestores, pois os frutos de suas atividades produzem mediações diretas no cotidiano social. Em termos práticos, o governo supre uma boa parcela dos serviços essenciais para a população, que vão desde suporte a serviços de cuidado à saúde, passando por saneamento básico, até planejamento de previdência social.
O que sustenta esta prestação de serviços são os impostos que todo cidadão contribuinte paga. Porém, muitas vezes, cidadãos não sabem direito os motivos de tantos impostos e nem sabem como estes tributos são redirecionados em serviços à população – menos ainda como podem se responsabilizar com a fiscalização da aplicação do dinheiro público.
Com a intenção de transformar o contexto de descrença e desconhecimento da população brasileira quanto aos seus direitos e a importância da arrecadação de impostos, parte das iniciativas do Programa Nacional de Educação Fiscal (PNEF) visa informar cidadãos sobre a função socioeconômica dos tributos e trabalhar com iniciativas que desenvolvam consciência crítica na sociedade.
A articulação destas iniciativas depende de núcleos de gestão da Educação Fiscal em cada Estado e Município. Os recursos para este tipo de trabalho nem sempre são distribuídos de acordo com as reais necessidades de cada região e uma das grandes dificuldades enfrentadas é a falta de capilaridade do programa: as iniciativas carecem de infraestrutura para chegar com efetividade aos Municípios, o que acaba concentrando as ações em grandes centros urbanos e capitais. Essas e as demais barreiras e conquistas das iniciativas de educação fiscal aplicadas pelo país são compartilhadas durante as Reuniões Nacionais proporcionadas pelo PNEF ao longo do ano.
A edição de segundo semestre da Reunião Nacional de Educação Fiscal foi organizada pela FAZESP e trouxe como proposta central de capacitação um workshop de Design Thinking, tendo a Livework como parceira para a mediação de conteúdos e o desenvolvimento de novas práticas com o trabalho de Educação Fiscal. O desafio foi pensar em novas formas de lidar com problemas, levando em consideração os contextos enfrentados pelos servidores públicos em seus Estados, em face aos pilares: empatia, colaboração e experimentação, que fundamentam estratégias e abordagens com o Design Thinking.
A diversidade de cenários
|
Na Reunião Nacional de Educação Fiscal participam representantes de órgãos públicos de diferentes Estados brasileiros, envolvendo barreiras e realidades orçamentárias que se diferem entre as regiões do país. Considerar essa desigualdade durante a preparação do conteúdo e das atividades foi fundamental para engajar os participantes e levar contextos reais da educação fiscal para serem trabalhados no workshop.
Dessa forma, a primeira abordagem escolhida foi ouvir e dialogar com gestores de Secretarias da Fazenda e Educação de algumas regiões, para conseguir elencar as principais barreiras que enfrentam em suas ações. A partir de entrevistas em profundidade com estes servidores, algumas barreiras se mostraram mais latentes em seus discursos, tais como: comunicação interna, divulgação das atividades, capilaridade da rede de articuladores e também a descrença geral da população com relação à eficiência e a seriedade do trabalho do Estado com a aplicação do dinheiro público.
Após a etapa de preparação do workshop, que envolveu pesquisa, entrevistas em profundidade e geração de insights, o módulo de capacitação foi articulado para criar dois momentos com dinâmicas distintas. O primeiro momento teórico, com foco em apresentar o contexto da abordagem do Design. E o segundo momento prático, com atividades em grupo que proporcionaram a discussão e reflexão das barreiras encontradas no dia a dia do trabalho da educação fiscal, considerando cenários e perfis de públicos reais, utilizando diversas ferramentas da abordagem em Design Thinking.
A apropriação desses conceitos para pensar soluções no trabalho de educação fiscal foi essencial para aproximar os servidores dos públicos que lidam diariamente nas iniciativas e estimular novas ideias e soluções para problemáticas cotidianas. A diversidade de olhares, opiniões e ações que os participantes trouxeram para as mesas de trabalho permitiu abordar cada cenário de maneira mais vasta e isso aumentou as possibilidades de enfrentar os desafios propostos.
Design Thinking como abordagem
|
O ambiente de experimentação proporcionado durante o workshop possibilitou aos participantes ir além dos limites convencionalmente aceitos dentro do ambiente de trabalho para experimentar ideias e alcançar soluções inovadoras. No contexto dos servidores isso se mostrou de modo ainda mais potente, pois as práticas de trabalho no serviço público costumam sofrer com engessamentos, excesso de burocracia e posturas hierarquizadas que tendem a determinar maior controle de suas ações.
A oportunidade de trabalhar e discutir os desafios do dia a dia em uma nova abordagem, que extrapola as formalidades impostas no sistema de trabalho que atuam e propõe uma experiência mais criativa e participativa, gerou o alto engajamento dos servidores públicos. Ao final do workshop, as apresentações continham diversas ideias sofisticadas e aplicáveis a situações reais da educação fiscal no Brasil, assim como evidenciaram todo o processo de entendimento, empatia, criação e colaboração absorvidos nas etapas anteriores.